Os Outros
Há muito tempo que sonho poder dedicar a minha vida aos outros, sempre senti ser essa a minha missão, talvez por isso terei tirado Psicologia. Tentei varias formas, comecei o meu trabalho com reclusos num estabelecimento prisional, acompanhei toxicodependentes no seu processo de desintoxicação e despertar para uma nova vida, acompanhei e acompanho jovens estudantes que de alguma maneira sairam do seu caminho e eu ajudo-os a encontrar um outro rumo, por vezes por um novo trilho, mas ao mesmo tempo, estou há muitos anos a lidar com máquinas, papeis e coisas que embora tivessem aparecido na altura certa, agora pouco ou nada me dizem! O mais perto que posso chegar dos outros é pela via da formação mas não são esses que mais precisam de mim, não é a essas pessoas que eu dou todo o meu melhor ( este se calhar é um pensamento limitativo :-), é capaz de ser, mas, eu tenho muitos é este apenas mais um...).
Preciso de pessoas. Eu acho que me alimento de pessoas. São elas que me fazem sentir viva e é através delas que eu renasço, no entanto este não é um pensamento de que me orgulhe pois sinto que as estou a usar para viver. Mas estas não são pessoas quaisquer, são pessoas que precisam de mim. Os outros, estes outros de que falo precisam de mim e eu com toda a minha consciência preciso deles, estará este equilibrio errado? Possivelmente, este é mais um pensamento limitativo!
Estou farta dos outros competitivos, ambiciosos e sem escrupulos... esses outros também precisam de ajuda, eu sei! mas não é de mim, por enquanto ainda é só deles! coitados ainda não se aperceberam o quanto precisam de ajuda... destes preciso de agora manter uma certa distância, é quase uma questão de sobrevivência.
Os outros, os outros... é tão fácil falar em outros, e em nós? afinal somos os outros dos outros! o que será que pensam e dizem de nós?